segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Implantação da UFOBA deve ser debatida



Nesta sexta-feira (12) em Barreiras, foi realizada uma Audiência Pública promovida pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados em comunhão com a Comissão que estuda a implantação da Universidade Federal do Oeste da Bahia. O evento ocorreu nas dependências da Câmara de Vereadores.
  
Após as comissões terem realizado audiências nos municípios de Barra e Luiz Eduardo Magalhães foi a vez de Barreiras. Não se sabe por quais motivos a referida oitiva pública só foi iniciada 2 horas após o horário marcado. Mas, os cidadãos esperaram e de certa forma contestaram o ocorrido.

Após as falas de abertura do evento entidades e grupos organizados da sociedade civil puderam então falar sobre o que pensam do processo de criação e implantação de uma Universidade Federal no Oeste da Bahia. Neste sentido, a Câmara de Cultura do Território de Identidade da Bacia do Rio Grande através de um de seus membros fez a
leitura de uma carta a qual publicamos em sua inteireza para o conhecimento e debate da população que futuramente será beneficiada pela instituição de ensino superior.


À Comissão Especial para Implantação da 
Universidade Federal do Oeste da Bahia,


A comunidade artística e cultural do Território de Identidade da Bacia do Rio Grande, através da sua Câmara de Cultura, vem manifestar sua preocupação em relação às discussões sobre a formação nas áreas de artes, cultura e humanidades no projeto e na implementação da nova universidade. Manifesta, da mesma forma, seu interesse em participar e contribuir nesse debate, tendo em vista a demanda existente no referido território de identidade, assim como nos demais que farão parte do chamado “Território UFOBA”, para a criação de cursos nessas áreas.

Acreditamos que a riqueza cultural da região do oeste baiano, representada pelos seus patrimônios materiais e imateriais, além de grupos criadores de cultura, constituídos pelas (e constituidores das) diversas identidades que contribuíram e contribuem para a construção do território, justifica a inclusão de cursos voltados para a promoção e preservação dessas identidades e desse patrimônio artístico e cultural. E aqui, vale ressaltar, temos em mente a formação nas áreas de Linguística, Letras e Artes (Artes Plásticas, Música, Dança, Teatro, Cinema, Educação Artística), bem como a ampliação dos cursos da área de Ciências Humanas (Filosofia, Sociologia, Antropologia, Arqueologia, entre outros), os quais irão se somar aos já existentes. Também dialogam com esse perfil, voltado para a formação humana, artística e cultural, os cursos das chamadas Ciências Sociais Aplicadas, entre os quais destacamos Arquitetura e Urbanismo, Comunicação Social, Museologia, Arquivologia, Turismo e Serviço Social.  A formação profissional, o desenvolvimento de pesquisas, a cooperação entre a universidade e a comunidade através de projetos de extensão, seriam algumas das possibilidades de promoção da cultura e do consumo cultural em uma região em que observamos pouco ou nenhum investimento público nesse setor. 

Desejamos, por outro lado, expressar nosso receio no que diz respeito à pouca publicidade que vem sendo dada às atividades dessa Comissão junto à sociedade de Barreiras e das demais cidades beneficiadas direta e indiretamente pela criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia, o que certamente inviabiliza o debate do projeto junto a todos os setores nele interessados.

Temos conhecimento da divulgação do documento “Universidade Federal do Oeste da Bahia – O povo e a educação de sua gente”, de dezembro de 2011, bem como da realização de audiências públicas nas cidades que possivelmente abrigarão os campi da nova universidade (Barreiras, Luís Eduardo, Barra e Bom Jesus da Lapa, segundo informa o documento de 2011), além de algumas reuniões no Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável-ICADS, em Barreiras. São iniciativas positivas, que indicam um trabalho ainda em andamento, mas gostaríamos de ressaltar a importância e a necessidade de uma divulgação maior dos trabalhos, bem como um envolvimento efetivo da população na discussão e implementação do projeto.

Entendemos que a nova universidade do oeste baiano precisa envolver e atender as demandas de todos os grupos e setores interessados na (e beneficiados pela) sua implementação, e isso certamente se mostra na diversidade de cursos a serem instituídos. O Projeto de Lei 2204/2011 menciona a criação de 35 cursos, mas, que cursos serão esses? Que critérios nortearão a sua definição? E os quatro campi mencionados no projeto original (Barreiras – sede, Luís Eduardo Magalhães, Barra e Bom Jesus da Lapa), além do recém-incluído campus de Santa Maria da Vitória, que perfis terão? Como essas questões estão sendo discutidas? Como a comunidade artístico-cultural dessas cidades e seu entorno, além de outros setores, podem participar?

Ressaltamos que a publicidade das atividades dessa comissão e o envolvimento da sociedade se faz importante para que, desde a sua criação, seja determinada a identidade e o papel social da nova universidade, e nos preocupa diretamente debater o quanto ela está e estará preocupada com a preservação e promoção da arte, da cultura e da memória do oeste baiano. 

Por fim, solicitamos a realização de uma audiência com a Comissão Especial, visando discutir e esclarecer os pontos colocados nesta carta. Consideramos esta uma ocasião propícia para essa mobilização, tendo em vista a recente aprovação, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados, de seminários regionais sobre o PL 2204/2011, agendados para o mês de abril de 2013 nas cinco cidades que abrigarão os campi da UFOBA. Os segmentos culturais e artísticos do chamado “Território UFOBA” certamente estarão presentes nesses momentos, manifestando suas prioridades em relação à nova universidade. 

Barreiras, 12 de abril de 2013.

Câmara de Cultura do Colegiado do Território da Bacia do Rio Grande

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