terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A Flor Barreiras



O tempo fechou, a ventania chegou e a taboca rachou. São expressões da linguagem popular que significam que as chuvas chegaram e com elas muitas mudanças passam a ocorrer. Uma das primeiras alterações é o sorriso estampado no rosto do agricultor na certeza de que é hora de preparar a terra e lançar as sementes antevendo o verdecer do milho, da mandioca, do feijão... É tanta transformação na natureza e no homem que dela trata e depende sua existência. 

Mas, as chuvas que chegam à região Oeste da Bahia proporcionam outro espetáculo nas cercanias dos rios, riachos, lagoas e vazantes. É o despertar de uma planta de nome bem apropriado para esta passagem do ano. Os nativos a batizaram com nomes bem sugestivos: “flor do trovão” e ou "Cebola Brava", pois a planta é bulbosa e a  comunidade científica a denominou por Amaryllis Barreirasa.

A primeira vez que ouvi sobre este exemplar da flora barreirense deu-se, há aproximadamente dez anos idos, quando em visita ao atelier do artista plástico Agamenon Amorim. Ele estava dando acabamento a uma tela cujo motivo era o Lírio Barreiras de cor vermelha e haste esverdeada a “flor do trovão”. 

Depois, mais recentemente, em leitura do “Barreiras, Bê – A, ... da Barra prá cá!” de autoria de Luiz Gonzaga Pamplona, membro/presidente da Academia Barreirense de Letras – ABL, encontrei pormenores sobre a  Amaryllis Barreirasa. Conta Dr. Luiz que o engenheiro agrônomo Ernesto Miranda Neto, funcionário do Banco do Brasil, colheu uma das “Cebola Brava”, 1949, e enviou para o Centro de Análise Botânica da Califórnia, Estados Unidos. O pesquisador deste Centro, o botânico Hamilton P. Traub plantou as sementes recebidas e em 1953 classificou a planta até então desconhecida com o nome de Amaryllis Barreirasa, em homenagem à cidade de Barreiras/BA onde foi encontrada.

Nesta mesma obra literária “Barreiras, Bê – A, ... da Barra prá cá!” há uma citação que em 1996, nasceu uma menina na cidade de Porto Alegre  do Tocantins (TO), e a mãe então solicita ao médico que a assistiu que desse nome à criança. Era o dia 26 de maio, aniversário de Barreiras/BA, e o médico, o próprio Dr. Luiz Gonzaga Pamplona que a época trabalhava no vizinho estado do Tocantins, sugeriu o nome de Amarilis Bareirasa Barreto dos Santos e assim foi registrada no cartório local.

Hoje, 25, as nuvens se movimentaram e se tornaram escuras e ouvi o ronco dos trovões que me fez lembrar do Lírio Barreiras. Voltei-me para o computador e pesquisei na internet sobre a “Flor do Trovão”. Encontrei informações, tais quais as que estão registradas na obra de Luiz G. Pamplona, em um site norte-americano cujo endereço é www.bulbsociety.org. 

“As sementes foram recebidas pelo escritor através do correio aéreo no final de dezembro de 1949, e a germinação excelente foi obtida. As primeiras plantas floresceram em 22 de junho de 1952, cerca de dois anos e meio após a germinação.”

Esta é mais uma curiosidade sobre Barreiras. Aproveite a provocação e leia “Barreiras, Bê – A, ... da Barra prá cá!” e encontrará muito mais. Procure por Agamenon Amorim, artista plástico, e encomende uma tela para adornar sua casa e se for possível, no próximo fim de semana, passei pelas margens do Rio Grande e ou de Ondas e você curtirá a paisagem embelezada pela Amaryllis Barreirasa.

Um comentário:

  1. É linda! Mamãe tem dela lá em casa, sempre floresce com muita facilidade. Não sabia dessa história interessante!

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