Dia Dois
de Fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
pra salvar Yemanjá
Escrevi um bilhete pra ela
pedindo pra ela me ajudá
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar
O presente que eu mandei pra ela
De cravos e rosas, vingou.
Chegou! Chegou! Chegou!
Afinal que o dia dela chegou.
Pessoas se acotovelavam sobre o
cais do Rio Grande, outras transitavam pela Praça Landulfo Alves, o Bar do
Vieirinha estava com todas as mesas ocupadas assim também os demais bares do
Mercado Velho. Vendedores de sorvetes, laranjinha, picolé e pipoca estavam a
comercializar seus produtos de mercadores, aproveitavam a oportunidade, e
Iemanjá abençoou o trabalho de cada um. As ruas que dão acesso à Praça estavam
interditadas e a Polícia Militar e a Guarda Municipal realizavam a segurança
dos participantes, pais – mães e filhos – filhas de Santo. A todo o momento
chegavam fieis de Iemanjá com flores, perfumes que cuidadosamente lançavam nas
águas do Rio Grande e depois acendiam velas e faziam orações. Crianças e jovens
batiam atabaque e entoavam pontos. Todos estavam de uma forma, ou de um jeito,
aguardando a Mãe de todos os Orixás e da humanidade.
Já se aproximavam das dezoito
horas quando avistamos ao longe, pras bandas de Barreirinhas, os barcos que
traziam os Orixás e entre eles Iemanjá. Em um dos barcos jovens tocavam
tambores e cantavam animando a procissão. Neste instante uma girandola de fogos
de artifício foi acionada, e uma nuvem de estampidos e fumaça cobriu o céu,
arrancando gritos, assovios e muitas palmas da parte dos fiéis.
Chegou! Chegou! Chegou!
Afinal que o dia dela chegou.
Os condutores dos barcos
realizaram manobras em frente ao cais que todos ficaram maravilhados. De
repente um avião, soltando fumaça, passou em voou rasante sobre a multidão
levando susto e temperando de emoção aquele momento.
Após a parição pública, o cortejo
fluvial, os barcos foram se distanciando da beirada do cais. O véu da noite foi
devagarinho cobrindo a cidade de Barreiras, as primeiras lâmpadas foram
ligadas, alguns filhos e filhas de Santo a pé voltavam para seus terreiros
enquanto outros e outras ainda arriavam suas oferendas e rezavam. Na Praça
Landulfo Alves muitos permaneceram nos bares e sentados no cais do Rio Grande
espichando o dia em conversas de segredo. Parecia que aguardavam, para ano que
vem, a Senhora da Coroa Estrelada.
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