quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Comunicação do Grotesco



Ontem (16) a palestra "A comunicação do grotesco na obra de Rubem Fonseca: uma análise do conto corações solitários" realizada pela doutoranda em comunicação e semiótica Nelma Aronia nas ependências da Livraria Cultura no Salvador Shopping, possibilitou aos presentes o entendimento sobre a origem do termo "grotesco" e mais que isso, o grotesco na literatura, no teatro e na arte plástica. Nelma destacou o grotesco no jornalismo e como ele se serve deste para que as empresas jornalisticas o utilizam para se destacarem junto ao público consumidor de notícias.

O termo grotesco é derivado de grotta (gruta). O termo surgiu durante o século XVI a partir de escavações em Roma, e a consequente descoberta de determinadas pinturas. Daí em diante o termo grotesco passou a se referir ao tipo de arte ornamental.

O literato francês Victo Hugo dá importante contribuição para o conceito de grotesco. Assim sendo, o grotesco passa a ter importante papel para a literatura. De um lado cria o disforme e o horrível e de outro o cômico e o bufo possibilita às pessoas a sorrirem da própria desgraça. 

O gênero tragicômico é uma legitima manifestação grotesca muito presente no teatro e no romance, dada a união hibrida e conflitante da tragédia com a comédia, do sublime com o grotesco. O exagero da forma, do riso, do choro, do andar e do jeito de vestir.

Com estas "palavras" Nelma criou as condições conceituais para que pudéssemos adentrar ao tema central de sua palestra em consonância com o conto "Corações Solitários", de Rubem Fonseca, publicado em 1975. Rubem Fonseca na obra acima referenciada instaura um diálogo intertextual entre a literatura e o discurso jornalístico à medida que o narrador personagem, um repórter policial, revela o modo operandi do discurso jornalístico e sua forma de sobrevivência diante o público leitor.

Nelma parte deste deste contexto narrativo e apresentou como se dá a relação entre o jornalismo e seus leitores que por sua vez é alimentada um desejo recíproco ou mesmo de cumplicidade de mostrar/ver a notícia como espetáculo. Assim, o real grotesco por exemplo: assassinatos, corrupção, sexo, enfim os casos de polícia,se tornaram a razão de ser dos meio de comunicação bem como o motivo fomentador da relação do público leitor.

É bem provável que hoje você tenha ouvido ou assistido jornais e a maioria das notícias estavam relacionadas a fatos que a mídia tratou de forma entusiasta, sensacional e espetaculosa. Há canais de televisão que insistem em mostrar determinadas cenas horripilantes que se relacionam ao absurdo, ao grotesco.

A miséria humana é hiper explorada por determinados canais televisivos de Salvador e São Paulo. Há também o jornal impresso que se o leitor não tomar cuidado pode sair manchado de sangue. É a pobreza humana explorada até o mais profundo do ser.

O folder utilizado para divulgar a palestra de Nelma, traz uma reprodução de um trabalho do artísta plástico barreirense Juraci Lima. A figura criada por Juraci é a síntese do enfoque da palestrante sobre o grotesco.


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