sábado, 4 de setembro de 2010

Os Carreiros da Ribeira





Ao longo dos anos secenta, no então Além São Francisco, homens agricultores comandavam uma carreata diferentemente das que hoje temos costume de ver, principalmente em meses eleitorais. Um conjunto de carros de madeira puxados a bois que cortavam os caminhos e estradas desde a Ribeira (Baianópolis) até a cidade de Barreiras. Transportava sobre a “mesa do carro” farinha de mandioca, porcos, rapadura, milho, feijão para serem comercializados. Em seu retorno os veículos estavam carregados com produtos manufaturados que eram utilizados no dia a dia das comunidades rurais a exemplo do querosene, açúcar, sal, remédios, sabão, tecido e soda.

Àquela época, três sons marcaram a vida dos moradores do Oeste da Bahia: o sino das igrejas comunicando dia de desobriga e ou morte de algum nativo, o apito do vapor que chegava de Juazeiro da Bahia e o terceiro era produzido pelos carros de bois, contato do eixo com o cocão, que para ficar “bunito” o proprietário lubrificava essas peças com óleo de mamona.

Para onde foram os carros de boi? Eles se encontram nas Comunidades Tradicionais a exemplo de Bebedouro no município de Baianópolis. Os carros são utilizados na lida diária transportando sacos de cereais, madeira e principalmente raiz da mandioca para a transformação em farinha/tapioca e outro produto agrícola é a cana para a feitura da famosa pinga da Ribeira.

Este ano a comunidade comemora a IX Festa do Carreiro. O inicio das comemorações deu-se em 2001, idealizada pelo Diretor da Escola Normal Rogério Rego. Hoje, a tradição dos carreiros celebrada sob a coordenação de Seu Geraldo e Hailton Rodrigues. Segundo os coordenadores a festa conta com sorteio de sal mineral, butinas e até mesmo dinheiro.

As comunidades por onde passam os carreiros e seus acompanhantes são: Bebedouro, Roça Velha, Capim de Raiz, Várzeas, Boa Esperança, Bracinho, Água Boa e novamente Bebedouro para o almoço e depois muito som e dança. O círculo como diz os moradores e festeiros é de aproximadamente vinte e três kilometros.

Antes da partida os festeiros tomam um gostoso café da manhã. Porém, antes que alguma atividade seja feita os presentes entoam cânticos religiosos e rezam para que a atividade possa ser abençoada. Os quarenta carros são enfeitados com palha de coco. Durante o trajeto os carreiros são acompanhados por um carro de som que favorece a cantoria e o jogo de versos.

Viva os carreiros!

Nenhum comentário:

Postar um comentário