domingo, 17 de março de 2013

A cômoda chuva nos incomoda



A estiagem pela qual passa o nordeste brasileiro não é castigo demandado por Deus. A seca não é somente um fenômeno ambiental. Mas, um fenômeno de dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais presentes na vida da população nordestina. 

O primeiro relato da seca no nordeste brasileiro foi feito pelo padre Fernão Cardin nos anos de 1583/1585 "(…) uma grande seca e esterilidade na província e que 5 mil índios foram obrigados a fugir do sertão pela fome, socorrendo-se aos brancos". 

A falta de chuvas no nordeste brasileiro possibilitou o nascimento da Indústria da seca. Esta engenhosidade humana é um termo que começou a ser usado na década de 60 por Antônio Callado que denunciava no Correio da Manhã os problemas da região do semiárido brasileiro. Pois, certos segmentos das classes dominantes se beneficiam indevidamente de subsídios e vantagens oferecidas pelo governo aos prejudicados pela estiagem, principalmente os pobres.

Desde ano passado (2012) os nordestinos sofrem com mais um longo período de seca. Até parece coisa combinada para homenagear Luiz Gonzaga em seus cem anos de vida, caso estivesse entre nós. Mestre Lua, o artista /cantor que mais compôs músicas com o temário da falta de chuvas e suas consequências nefastas para o povo nordestino. 

Mas, na verdade estou é arrodeando. Fazendo mumunha prá depois chegar onde penso aportar e dizer sobre uma expressão que escutei há pouco tempo atrás e que ficou ensimesmada em meus neurônios. Tô meio misterioso!... Mas esse suspense que não chega à periferia da sabedoria do mestre Alfred Hitchcock é necessário para que todos compreendam a importância desta introdução e o valor da expressão que mais à frente será dita.   

Pois bem, a pessoa que de agora em diante passa a fazer parte desta crônica é do interior da Bahia, de um município que é parte do semiárido. Ao passar das horas e dos dias, meses e anos a amizade entre nós foi crescendo e passou a dar botões e depois flores de confiança. Então, ela pode falar curiosidades sobre as pessoas do pequeno lugar em que nascera e se educara. Esta expressão a que me refiro surgiu durante uma de nossas prosas.

Há, alguns dias que não conversamos. Mas, ontem em Barreiras, Oeste da Bahia, a chuva que estava escassa deu o ar da graça de madrugadinha. Ela veio acompanhada dos primeiros raios de sol, parecia casamento de raposa. Mesmo assim, possibilitou que as ruas, praças e avenidas recebessem a bendita água do céu e o calor deu lugar ao refrigério, que a todos agradou. Ao contemplar a poça d’água que se formou à frente da casa donde estava me lembrei dessa amiga e da expressão que sempre usava quando a estiagem chegava: - Preguiça de chuva!

A amiga, Enilce Araújo Sodré, da localidade de Sodrelândia no município de Brotas de Macaúbas, não se encontra entre nós. Neste instante, deve estar passeando pelos Campos do Senhor sob a chuva da misericórdia divina prá nunca mais dizer: - Preguiça de chuva!

Um comentário: