O senhor Edson Lázaro Rosendo da
Silva, então vereador barreirense, através da Lei nº 486, possibilitou que as
ruas do Conjunto Habitacional Buritis I, na cidade de Barreiras, Oeste da
Bahia, fossem denominadas com nomes de frutas que faz parte da flora dos Gerais
e do Vale do Rio Grande. Frutas que participam do cotidiano da população, ora
na qualidade de consumidora, ou de plantadora e mesmo de vendedora. A polpa destas
frutas são consumidas in natura e também transformadas em deliciosos doces e
licores entre outras iguarias a exemplo do pequi em meio ao arroz, ao feijão, à
galinhada.
Quem nunca se deparou com uma
viagem no tempo ao sentir no ar o cheiro de uma boa fruta? Fato é que todo mundo
tem uma memória gustativa que remete a um momento especial da vida. As frutas
despertam sensações e boas lembranças. Busca a identidade cultural do
indivíduo, do grupo e de uma sociedade, de uma comunidade – cidade – região -
país.
O imaginário popular está
permeado de histórias que tem por referencias as brincadeiras vividas sob a
sombra da mangueira ou escalando os galhos em busca de uma fruta que se
encontrava bem na pontinha do galho. Poucos eram os meninos corajosos que se
sentiam desafiados em alcançar tal fruto. Não raro, uma galha quebrava e a
criança num lance de trapezista se lançava para outra parte da árvore e o
menino passava a ser considerado o herói da turma. Senão, a história seria
outra:
- Dona Menininha, o Pedro quebrou
o braço!
Estamos a discorrer sobre um
projeto de lei municipal que trata dos nomes de ruas que tem as frutas como
referência. As frutas a que estamos nos referindo não são reais, nós não
estamos vendo e nem mesmo sentindo pelo tato e mesmo pelo olfato ou paladar. As
frutas se encontram em nosso imaginário, ou seja: frutas abstratas. Mesmo que
um de nós tenha degustado um caju uma, duas, muitas vezes. E se repetirmos o
gesto, nunca será a mesma fruta, pois ele, o caju, se revelará novíssimo em
folha. Quem prova o gosto, a textura e o suco da polpa do caju estará provando
a si mesmo, que possui a capacidade de experimentar através da memória
infinitas frutas do cajueiro e cada uma diferentemente.
Em Barreiras /BA, as frutas se
metamorfosearam em ruas e se eternizaram a partir da lei. Hoje irei bem cedinho
ao Buriti colher Jenipapo, Juá, Pitanga, Mangaba, Pitomba, Mutamba, Caju e
Pequi. Você irá? Aproveite, pois, a lei passou a vigorar no dia 1º de dezembro
de 1999.
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